Por que as promessas de “prosperidade material” no Antigo Testamento não são para os nossos dias? |
1. Porque hoje Deus não trabalha com uma nação específica, como era Israel no Antigo Pacto, mas sim com a Igreja. Hoje todos aqueles que aceitam o sacrifício de Cristo são o Israel de Deus (Gálatas 6.16). |
2. Algumas promessas bíblicas foram feitas para indivíduos específicos. A promessa de Deus para um personagem bíblico não significa o mesmo para nós. Exemplo é Abraão em Gênesis 12.2: “Eu farei de ti uma grande nação; abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome; e tu, sê uma bênção”. É claro que nenhum de nós pode reivindicar essa promessa. |
3 . Algumas promessas bíblicas foram feitas somente para a nação de Israel. Exemplo disso é o famoso capítulo de Deuteronômio 28.1-68. |
4. Em nenhum texto do Novo Testamento a saúde perfeita ou a prosperidade material é prometida como fruto da obediência a Deus. As “promessas” do Novo Testamento são perseguições e provações. Como disse Paulo: “E na verdade todos os que querem viver piamente em Cristo Jesus padecerão perseguições” (2 Timóteo 3.12). Leia também Mateus 5. 10-11. e Marcos 10. 29-30. |
5. Os versos de sabedoria contidos em Provérbios não podem ser traduzidos como promessas. O livro de Provérbios mostra princípios gerais observados sobre o cotidiano e a vida das pessoas. Um exemplo está em Provérbios 24.25, que diz: “mas para os que julgam retamente haverá delícias, e sobre eles virá copiosa bênção”. De fato, como observa o Rei Salomão, os que julgam retamente desfrutam de delícias derivadas da justiça. É uma observação que Salomão viu na vida dele e de muitos outros, mas essa observação não é uma promessa. O autor quer dizer que a prática da justiça conduz normalmente para uma vida de delícias, mas isso não é automático. É possível praticar a justiça e desfrutar de amargura. Jesus mesmo disse: “Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça” (Mateus 5.10). Nenhuma perseguição é uma delícia. Portanto, os versos dos provérbios devem ser vistos como princípios gerais e não como promessas automáticas. |
6. Os conceitos de alguns personagens registrados na Bíblia não significam promessas bíblicas. O maior exemplo está no livro de Jó. Muito do que é dito pelos amigos de Jó depois é contestado pelo próprio Deus no início ou no final do livro. Para Bildade, por exemplo, Jó sofria aquele mal porque não era justo: “Se fores puro e reto, certamente mesmo agora ele despertará por ti, e tornará segura a habitação da tua justiça” Jó 8.6. O próprio Deus testemunhou a justiça de Jó (1.8). Bildade estava errado, mas as palavras deles estão registradas para entendermos a história e não para aplicarmos os seus conceitos equivocados para os nossos dias. |
7. A chave de compreensão do Antigo Testamento passa por Jesus Cristo. A Bíblia diz: “Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias a nós nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, e por quem fez também o mundo” (Hebreus 1. 1-2) A chave de interpretação das promessas do Antigo Testamento precisam ser feitas a partir de uma leitura geral das Escrituras. |
8. A Bíblia é mais do que um livro de experiências. O esquema “espiritualize, alegorize e devocionalize” não serve para todos os textos bíblicos e pode distorcer o conteúdo de muitos textos. É necessário um exercício de correta interpretação do texto bíblico levando em conta o contexto imediato, a gramática, o tempo, o tipo de literatura, o contexto histórico, as interpretações históricas etc. Exemplos dessas contextualizações abusivas são as campanhas neopentecostais, tais como “318 pastores”, “Ano de Elias”, “Jejum de Sansão” etc. |
Bibliografia:
LUTZER, Erwin W. Quem é Você para Julgar? 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005. p 64-66.
RHODES, Ron. O Livro Completo das Promessas Bíblicas. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006. p 19-27.
ROMEIRO, Paulo. Decepcionados com a Graça. 1 ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2005. p 117- 131.
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